TEXTO: Mt 26:18: E ele lhes respondeu: “Ide à cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O mestre manda te dizer: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos”.
INÍCIO: A bíblia não relata quem era o homem que cedeu sua casa para a última ceia e, consequentemente a última pascoa.
Entendo que, ao ler essa passagem tão rica e impressionantemente significativa para os cristãos, percebo que, ao não se identificar tal pessoa, significa que o local a ser cedido para tal celebração pode ser a casa de cada um dos que creem. É um privilégio ter sua casa como altar de celebração de uma vitória do bem sobre o mal, da vitória incontestável de Jesus Cristo sobre a morte.
Posso dizer, sem medo de errar, mesmo sem dados concretos que, aquele homem foi transformado radicalmente em todas as áreas de sua vida após tal celebração em sua própria casa.
Aquele lugar jamais seria o mesmo, era um altar de celebração sendo levantado antes do altar do sacrifício.
Deus tem levantado altares na vida de todos nós em todo tempo mas, a frenética corrida da prosperidade financeira nos impede de parar e contemplar o moldar de Deus na vida de sua criação mais bela, a qual demonstra que seu criador não é sua prioridade.
Não era apenas Jesus entrando ali com seus discípulos, era a própria vida eterna, a mudança de pensamento, a mudança de atitude, a transformação natural e espiritual que alterava a sorte daquele homem e, consequentemente de toda sua casa.
Ceder a casa significa deixar à disposição de Jesus tudo o que tem nela e entregar-lhe de volta tudo o que está em nossas mãos.
Se eu lançar essa pergunta, quantos realmente levantariam as suas mãos e diriam: sim Senhor, minha casa está à sua disposição?
Existe uma distância bem considerável entre o se manifestar e o fazer realmente.
O maior exemplo em tudo.
João 13:4,5: Levantou-se da ceia, tirou o seu manto à parte, e tomando uma toalha, cingiu-se. Depois pôs água em uma vasilha e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxuga-los com a toalha que o cingia.
Essa passagem me reporta à história da mulher de fluxo de sangue (Mt 9:20,22), onde ela toca na orla das vestes de Jesus, crendo que apenas com esse ato ela poderia ser curada e, assim se faz, não pelo poder de sua roupa, mas pelo poder daquele que a usava porém, o que os olhos dos homens viram naquele momento foi o poder de um ato milagroso, o toque de uma mulher de fé no manto do filho de Deus.
Exatamente por isso, acredito que quando Jesus tira seu mando e cinge-se de uma toalha, talvez signifique que todo o poder que o homem entenda que esteja em um manto, está sendo deixado de lado, as roupas de autoridade estão sendo deixadas de lado para que o homem comum e humilde se faça presente e dê o exemplo de serviço a todas as pessoas, a todos os povos sem fazer distinção de ninguém.
Percebe-se que Jesus lavou os pés de todos os discípulos, inclusive os pés de Judas, o mesmo que o trairia mais tarde!
Fazendo como Jesus
João 13:17: Se sabeis essas coisas, bem aventurado sois se as praticardes.
Serviço: Uma palavra curta, mas de significado tão importante, contemplada por muitos e executada por poucos.
Jesus sempre entendeu a necessidade de todos os que o buscavam.
Era em muitos casos o desespero de dores sem solução possível que somente um poderia resolver o qual jamais deixou de fazê-lo.
Servir é olhar a face do que precisa, amar incondicionalmente, ajudar no seu máximo possível, não desejar nada em troca, se cansar fisicamente, ser incompreendido em algumas vezes pelos seus e, mesmo assim amar fazer o que se faz!
O que serve ama mais. O que serve vive constantemente tocando na orla do manto de Jesus, o que serve vive constantemente cedendo sua casa para as cerimônias as quais Cristo está presente e, acredito também que aquele que serve se torna as vezes surdo, cego e mudo.
O que serve por amor de verdade a Cristo não se deixa abater pelas palavras de desaprovação; note que, geralmente os que desaprovam algo são sempre os que não fazem absolutamente nada pelo reino de Deus, mas gostam de cobrar bastante.
O que serve se torna cego pelas injustiças da vida, pelas traições e não se furtam o direito de ajudar, inclusive os que o perseguem; Judas é um grande exemplo: Jesus lavou os pés daquele que o trairia de fato, mas já havia o traído em seu coração.
O que serve se torna mudo, pois sabe o poder que a língua tem e se nega a entrar nas ciladas do inimigo.
Servindo de fato, lavando pés desconhecidos!
Quero contar uma experiência especial que tive há poucos dias.
Ao receber uma mensagem da liderança do movimento Legendários, a qual dizia que precisávamos ajudar as vítimas do tornado que varreu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná, entendi de imediato que aquilo não era uma mensagem comum, mas sim, era o próprio Deus dizendo: “Filho, preciso de você agora, quero que você lave os pés de algumas pessoas”!
Eu senti algo tão forte, tão maravilhoso e inexplicável dentro de mim que, imediatamente me prontifiquei a ir e a tentar fazer algo por alguém que eu nunca tinha visto, não conhecia, mas que estava desesperadamente sem rumo.
Pois bem, preparei minhas ferramentas, minha barraca, roupas e tudo mais que precisava para não ser peso naquele lugar, mas sim, um enviado de Deus para trazer uma palavra, um alento.
Poucas fotos eu tirei, pois havia perdido a vontade de fazê-lo, já que pra mim, aquelas ruinas geradas pelo tornado eram sinal de muitas lágrimas.
Reconstruímos telhados, carregamos tijolos, sacos de cimento, muitos sacos de cimento, madeira, instalamos chuveiros, consertamos janelas, entregamos alimentos, roupas, enfim, estávamos disponíveis e dispostos a fazer não o que queríamos, mas sim, o que fosse necessário.
Observava também que os meus amigos antecessores, os legendários que já haviam estado lá, deixaram um legado importante relativo a este movimento: As pessoas passavam e, ao olhar para nós, sorriam e diziam obrigado, muito obrigado, em reconhecimento a todo o trabalho feito até então, sem pedir nada em troca. Eram empresários, CEO,s de farmacêuticas, profissionais liberais, eletricistas, médicos, pedreiros, carpinteiros, enfim, muitos homens dispostos a fazer algo de muito significado, e eu.
Muitas vezes perguntamos o que somos e o temos para entregar. Na verdade, percebi e tenho aprendido que não é o que somos mas sim, o que Deus é em nós e também, não é o que temos mas, o que Deus vai entregar através de nós!
Havia em mim uma profecia a ser lançada para alguém, sem que eu soubesse até chegar o momento!
Uma profecia lançada.
Houve um momento em que uma jovem, vou chama-la de Livia, mas não tenho certeza se realmente esse era o nome dela, de 25 anos mais ou menos, nos pediu para levarmos o material que ela havia acabado de receber de doação para a casa dos seus pais, há uma distância de perto de 4 km, pra ela, pois para mim era uns 12 ou 15 km. Lá ela recomeçaria sua vida, já que sua casa foi totalmente destruída pelo tornado.
Ao chegarmos no local onde descarregaríamos o material, notei que era lindo o lugar, matas, arvores, e um rio lindo onde seu pai nos contou que pegava muitos peixes grandes ali.
A conversa estava boa enquanto descarregávamos os tijolos e a madeira e, de repente, a Livia aparece com uma sacola cheia de picolés de leite e nos disse: É pra vocês, fui eu que fiz.
Paramos então momentaneamente o descarregamento dos tijolos e fomos apreciar os picolés, diga-se de passagem, foi bem providencial porque estava bem quente aquela tarde.
Gente do céu! Que picolé gostoso.
Ela toda sorridente nos servia com muita alegria, mas dava pra ver que por dentro dela havia muitas interrogações de como ela reconstruiria a sua vida novamente.
Continuamos então com o descarregamento dos tijolos para finalizar e, após isso, Livia aparece novamente com outra sacolinha de picolés, mas agora eram de fruta e, novamente, muito, muito gostosos.
Terminamos de descarregar tudo e terminamos os picolés também e havia chegado a hora de falarmos de Deus pra ela, de falarmos do amor de Deus através de seu filho Jesus que se entregou por ela!
A pergunta é: Com o você fala do amor de Deus para alguém que acabou de perder tudo? Como você fala do amor de Deus para alguém que viu sua casa ser varrida do mapa por completo e, em muitos casos, a casa vizinha permaneceu intacta? Será que Deus ama mais o vizinho? O que dizer pra uma pessoa que perguntava o porquê de Deus ter permitido aquela tragédia?
Mas, o Espírito Santo que é poderoso sempre nos mostrava o que orar e o que falar.
Houve um quebrantamento muito grande por parte dela e de seu pai, mas, em um determinado momento, perguntei a ela; Esse picolé tem identidade? As pessoas conhecem esse picolé?
Ela respondeu que não, e que vendia somente no verão para fazer uma renda extra.
Pudemos orar pelo seu pequeno começo, que não era para ser desprezado (Zc 5:10) o qual que Deus estava dando a ela, pudemos dizer que cada um daqueles homens de laranja estavam lá porque a amavam em Cristo Jesus sem nunca tê-la visto antes e pudemos ministrar o amor incondicional de Deus sobre ela e sua casa.
Nós fomos lá para lavar os pés de alguém, mas fomos nós a sair de lá enxarcados pelo poder do Espírito Santo derramado em nós.
Autor: Pr Luiz